quinta-feira, 21 de abril de 2016

TOSN DE PELE.



Em tons de cinza prateado de perola ele se cobre. Como se quisesse esconder o que de mais profano possuía.

Apenas uma lasca do tom da pele se podia apreciar.

Sei que é delirante e sofredor pensar no que talvez estivesse escondido.

Mas é reconfortante brincar com meus devaneios pérfidos, a ponto de deleitar-me em um profundo gozo de utopia.

Incrédulos são os pensamentos que tenho.

É apenas uma fresta sutil, deixada pela macula cobertura perolada e deliberadamente indigno de tais pensamentos.

Deixai que as abstrações invadam de forma implacável a sua mente, é irresistível.

Ele em tons de pele está.

Desnudo por uma mente corrompida mas, parcialmente sã em provérbios a respeito de masturbação.

Fortaleza inabalável.

Tons de ouro que lhes cobriam as mãos, agora descobertas.

Preserva-se um silêncio delirante e frio nesse momento.

Pensamentos jaz.

Em tons de cinza permanece.

Sóbrio de um profundo e breve delírio, observo.

Ele se vai, sem que eu pudesse dizer-lhe o quão desejado é.

Em tons de cinza prateado de perola, o vejo partir.

Por Sérgio Lacerda.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

AO TE VER.




Ao te ver passar
Incredulamente acredito nas palavras lascivas que saem da minha boca.
Perpassando por tua pele vai até ao púlpito do prazer carnal, ela, a língua que outrora balbuciava caricias.
Ela desfecha por entremeios, coisas de Marques de Sá.
Eu como um sector famigerado, queimo ao tocar-te.
Ao te ver passar
Voraz me sinto
O que exala de tuas entranhas chega até mim e o infame odor é o anuncio do que estar por vir.
O cio começa, para abrandar a dependência que é o vício da carne em putrefação.
Agora com essa delirante satisfação de um dejavir.
Ao te ver passar.
Não posso mais ficar nessa incredulidade.
Vem ao encontro do que poderás chamar de sanidade.
Nas entrelinhas das palavras balbuciadas por esse ser que transgride a realidade absoluta, busco o mais puro do meu ser em ti.
Agora ao te ver passar
Me sinto transpassado por teu querer.
Sou pele calejada
Sou carne transgredida
Sou vida dilacerada
Sou um ser
Ao te ver passar.



Por Sérgio Lacerda.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

DESMEDIDA





Suspiros Indesejados
Toques desacreditados
Olhar na interface do vazio ao ver o vasto crepitar de uma pupila em seu derradeiro pestanejar, diante do que seria a mácula da perdição.
Caminhos improváveis
Mil faces indicando que deves rolar ó gota enregelada
Queima o canto desse olhar
Febril me sinto, delirante
Mas o que é uma chama no imenso mar gelado que transpassa seu olhar quando me vê?
Meus poros estão em estado de erupção
Minha alma quer desprender-se de mim
Em mim, resta um estado que nem sei qual é
Como dispor-me dele?
Pelo desespero?
Pelo prazer de me ver chorar?
É pelo simples prazer de vê-lo indo!
Vai...
Quero que voe ó espirito vadio
Vagai...
Encontrai alguém em que possa repousar
E daí por diante já não me pertencei mais.


Por Sergio Lacerda.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

TEMPO


As vezes percebemos tarde demais que a pressa não nos leva a nada e nem a lugar algum.
Às vezes deveríamos parar pra ver o tempo passar diante de nós.
Pois só assim iriamos perceber que ele passa, o tempo.
O tempo, ao passar nos tira coisas que em determinado momento achamos banais, mas, depois que passam, se tornam essenciais, como o tempo.
Por algum momento, não damos importância ao tempo, até não termos tempo pra se importar.
Então, chega o tempo de se arrepender, no entanto, nem para isso temos tempo.
Em determinado momento nos tornamos escravos do tempo.
Em vez de amigos, inimigos.
Em vez de irmos ao encontro, vamos de encontro a ele.
E nos esquecemos que ele é mais forte nós e nos para ou melhor, nos transpassa.
Não podemos perder tempo, então.
Fazemos mil coisas e várias tarefas ao mesmo tempo, sem que percebamos a importância de executa-las, uma de cada vez, cada uma a seu tempo.
O tempo que não temos mais, em determinado momento nos diz que já é tempo de partirmos, contudo, nem o tempo nos diz quanto tempo ainda temos e nesses tempos, ainda ousamos parar pra vermos quanto tempo temos.
Venha a meu encontro antes que não tenhamos mais tempo.
“O tempo não para e no entanto ele nunca envelhece” e nem podemos cogitar sua morte.


Por Sérgio Lacerda.

terça-feira, 1 de abril de 2014

INVISÍVEL E ATINGÍVEL


O QUE NA VIDA NÃO PODEMOS VER, AQUI SE TRANSFORMA EM ENERGIA E FLUI POR NOSSOS CORPOS, FAZENDO COM QUE NOS ENTRELACEMOS E DE REPENTE, NÃO MAS DO QUE DE REPENTE SOMOS UMA UNIDADE, COMO MIL EM UM E UM ENTRE TANTOS.
A EMOÇÃO É PURIFICADA E NOSSOS POROS SE PURIFICAM COM O BALSAMO DE DIOINISO QUE PAIRA EM NOSSA MEMORIAS DE CAMPOS FERTILIZADOS POR NOSSOS DEVIR.
LÁGRIMAS TEIMAM EM NÃO ROLAR E CORPOS SE CONTORCEM EM ACENTOS ACENTUADOS, ASSENTADOS EM ASSENTOS INCÔMODOS ACOMODADOS.
QUEM SOMOS NÓS QUE NOS DEIXEMOS SER VISTO PELO PURO PRAZER DE VOS VER SORRIR?
TRANSPIRAÇÃO PROFUNDA. PELE, A FLOR SÓ NÉCTAR. CHEIRO DO SER QUE BALBUCIA PALAVAS AO TRANSPIRAR.
PALAVRAS JOGADAS AO VENTO, DITOS PAIRANDO POR AI, OUTRORA DE CONSTRUÇÃO, DE SERIGUEIROS, DE PESSOAS QUE SE FAZEM PRESENTE NOS PALCOS DE HOJE, NÃO PARA SEREM INFINITAMENTE ETERNIZADOS, MAS, PARA SE ENCONTRAREM CONSIGO MESMAS, PARA SE TORNAREM ESPECIALISTAS DE SERES HUMANOS.
ESSE PALCO NOS MARCA E O IMPORTANTE NÃO É O QUE VIEMOS FAZER AQUI MAS, O QUE ELE FAZ EM NÓS.
AS MASCAS SÃO PARA SEMPRE E AS PAIXÕES BACANTES SÃO ETERNIZADAS EM NOSSAS MENTES ABERTAS.
O TEATRO SE FAZ QUANDO O INATINGÍVEL É TOCADO PELA SENSIBILIDADE DE UM ATOR EM CENA, ASSIM PRA ONDE VÁ É AONDE QUERES CHEGAR, AQUI OU LÁ!

por Sérgio Lacerda

terça-feira, 29 de outubro de 2013

VOU AS RUAS!






EU VOU AS RUAS!

Vou as ruas protestar e protesto porque tenho a pele marcada por um pigmento escuro e no entanto o brilho dos meus olhos é tão quanto ou mais intenso do que de qualquer um.
 Vou as ruas e protesto porque fui obrigado a trabalhar, fui caluniado, maltratado, chicoteado, entretanto o sangue que corre nas minhas veias é vermelho e não acho que sou diferente de ninguém por causa da cor da minha pele.
Vou as ruas protestar por que tenho uma nacionalidade, porém não me considero de nem uma etnia. Sou branco, negro e índio em um contexto disforme da minha cor.
Vou as ruas protestar porque sou considerado um corrupto, um marginal e um ditador; E sou! Sou corrupto de minhas ideias anárquicas a teu modo de pensar; sou marginal sim e vivo marginalizado por minha própria raça, se é que sou um animal e tenho um pedigree; sou um ditador sim e dito o que me convém saber por minha própria ignorância.
Vou as rua protestar contra o analfabetismo político e não percebo que sou ignorante diante de alguém que tenta justificar porque não sabe ler, porque em sua época não tinha cota; isso prova que não sei fazer política e prova também que não sou educado e nem sei educar.
Vou as ruas protestar contra a falta de escola, porque em vez de colocar meu filho pra estudar, estou tentando tira-lo das ruas.
Eu vou as ruas protestar e protesto por que sou um negro! E por que não ser um índio, Já que meus olhos são redondos e meus cabelos são pretos? por que não ser um branco, se meu sangue é vermelho? E por que não ser o que sou? Fútil, superficial e preconceituoso de mim mesmo.

Por. Sérgio Lacerda

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

RECORDAÇÃO PASSADA!



JÁ ESTAMOS ENTRISTECIDOS COM TEU PRANTO.
ENEBRIADOS COM TEU ODOR.
PACIFICADOS COM TEU CLAMOR.
NO ENTANTO,
BUSCO LIVRAR-MA DE MINHAS AMARRAS,
MAS, SEDENTÁRIO QUE SOU,
ME CONTENTO COM O ALÍVIO DO CORDÃO DEPENDURADO EM VOLTO DO MEU PESCOÇO.
PETRIFICADO ESTOU HÁ MUITO TEMPO,
DESDE MINHA ÚLTIMA RESPIRAÇÃO
E POR CAUSA DA DILACERAÇÃO DO RESTO DE MIM,
SINTO-ME CARCOMIDO POR DENTRO.
MINHA PELE ESTÁ EM PUTREFAÇÃO
E EIS QUE VEJO PAIRAR SOBRE MIM
O ABISMO DE MEU PRÓXIMO EXISTIR.
JAZ MEU ESPÍRITO.
JÁ QUE A PARTIR DE AGORA É OUTRA REALIDADE.

Por: Sérgio Lacerda

ENTRE ATOS, "PELE"





ESTRE PASSOS ERRANTES, MISTURA
ENTRE ROSTOS, 
PELE.
ENTRE PELES, 
COR.
ENTRE CORES, UNIFICAÇÃO, UNIDADE.
DOIS ENTRE SI, 
UNIFICADOS.
A PERMANÊNCIA IMACULADA, 
DE DOIS EM UM SÓ, PETRIFICADO NO TEMPO-ESPAÇO
E ASSIM PERPETUADO.





Por Sérgio Lacerda