terça-feira, 29 de outubro de 2013

VOU AS RUAS!






EU VOU AS RUAS!

Vou as ruas protestar e protesto porque tenho a pele marcada por um pigmento escuro e no entanto o brilho dos meus olhos é tão quanto ou mais intenso do que de qualquer um.
 Vou as ruas e protesto porque fui obrigado a trabalhar, fui caluniado, maltratado, chicoteado, entretanto o sangue que corre nas minhas veias é vermelho e não acho que sou diferente de ninguém por causa da cor da minha pele.
Vou as ruas protestar por que tenho uma nacionalidade, porém não me considero de nem uma etnia. Sou branco, negro e índio em um contexto disforme da minha cor.
Vou as ruas protestar porque sou considerado um corrupto, um marginal e um ditador; E sou! Sou corrupto de minhas ideias anárquicas a teu modo de pensar; sou marginal sim e vivo marginalizado por minha própria raça, se é que sou um animal e tenho um pedigree; sou um ditador sim e dito o que me convém saber por minha própria ignorância.
Vou as rua protestar contra o analfabetismo político e não percebo que sou ignorante diante de alguém que tenta justificar porque não sabe ler, porque em sua época não tinha cota; isso prova que não sei fazer política e prova também que não sou educado e nem sei educar.
Vou as ruas protestar contra a falta de escola, porque em vez de colocar meu filho pra estudar, estou tentando tira-lo das ruas.
Eu vou as ruas protestar e protesto por que sou um negro! E por que não ser um índio, Já que meus olhos são redondos e meus cabelos são pretos? por que não ser um branco, se meu sangue é vermelho? E por que não ser o que sou? Fútil, superficial e preconceituoso de mim mesmo.

Por. Sérgio Lacerda

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

RECORDAÇÃO PASSADA!



JÁ ESTAMOS ENTRISTECIDOS COM TEU PRANTO.
ENEBRIADOS COM TEU ODOR.
PACIFICADOS COM TEU CLAMOR.
NO ENTANTO,
BUSCO LIVRAR-MA DE MINHAS AMARRAS,
MAS, SEDENTÁRIO QUE SOU,
ME CONTENTO COM O ALÍVIO DO CORDÃO DEPENDURADO EM VOLTO DO MEU PESCOÇO.
PETRIFICADO ESTOU HÁ MUITO TEMPO,
DESDE MINHA ÚLTIMA RESPIRAÇÃO
E POR CAUSA DA DILACERAÇÃO DO RESTO DE MIM,
SINTO-ME CARCOMIDO POR DENTRO.
MINHA PELE ESTÁ EM PUTREFAÇÃO
E EIS QUE VEJO PAIRAR SOBRE MIM
O ABISMO DE MEU PRÓXIMO EXISTIR.
JAZ MEU ESPÍRITO.
JÁ QUE A PARTIR DE AGORA É OUTRA REALIDADE.

Por: Sérgio Lacerda

ENTRE ATOS, "PELE"





ESTRE PASSOS ERRANTES, MISTURA
ENTRE ROSTOS, 
PELE.
ENTRE PELES, 
COR.
ENTRE CORES, UNIFICAÇÃO, UNIDADE.
DOIS ENTRE SI, 
UNIFICADOS.
A PERMANÊNCIA IMACULADA, 
DE DOIS EM UM SÓ, PETRIFICADO NO TEMPO-ESPAÇO
E ASSIM PERPETUADO.





Por Sérgio Lacerda

quinta-feira, 28 de março de 2013

SEMI DEUSA



EU FALO, 
INCOMENSURAVELMENTE SEM FORMA E COERENTEMENTE RETO.
SÓRDIDOS SÃO MEU PENSAMENTOS AO DESCREVER-TE.
FORMA BASICAMENTE PERFEITA.
DE "CALÍOPE" HERDASTE O DOM DOS SUSSURROS GENTIS, 
INEBRIANTE É O SOM PROPAGADO DE TEUS ENCANTADOS LÁBIOS FERTILIZADOS COM O DOM DO MAIS FUGAZ PRAZER ENCANTADO DE "ORFEU".
ME FIZESTE SOFRE, PELOS DONS HERDADOS DE "HERA".
PROVOCAS-TE EM MEU CORPO O DESEJO DE SER DEVORADO.
PRENDESTE-ME COM OS DONS DE "ARACNI". 
E ME FISES-TE ALIMENTO DE TEUS LASCIVOS PRAZERES.
FIZ-ME PRESA.
E EM TUAS BELAS MADEIXAS PETRIFICAS-TE MEU ESPÍRITO.
ASSIM QUIMERA EU AO TEU LADO OU NÃO PODER TOCAR. O QUE ATÉ ENTÃO,
EM FORMA DE PERFEIÇÃO.
PUDE TE CHAMAR DE INSPIRAÇÃO.

SÉRGIO LACERDA

segunda-feira, 4 de março de 2013



TU EM MEU SONHO

Hão de falar que ainda resta uma memória do teu ser,
Enquanto um louco declama teu nome em um beco
E por um momento de extrema insanidade sinto o odor de teu néctar.
Sou como o sol ardente de verão.
É para mim a essência
Para que jamais deixe de brilhar.
Incomensurável lindo é teu corpo
E inconsequentes são meus pensamentos ao ver-te.
Pelo que posso chamar de um despertar,
Em fuga me sinto,
Pelo fugaz prazer que traz a mais remota memória do teu existir.
Sou um inconsequente?
Meus atos são devaneios?
Ainda sinto na pele as marcas que deixaste no meu corpo.
Enquanto a água tocava os belos e brancos vulcões em erupção,
Aos que posso vulgarmente chamar de seios,
Dera-lhe o sagaz prazer de ser tocados.
Formato de cone que demarcam os limites da tua pele.
Fiz-me ato impensado em uma noite de delírios ardentes
E de tua boca provei o que seria o fim.
E a pronuncia pelo balbuciar de tuas pupilas se fechando,
Era a certeza de um bom sonho.

Sérgio Lacerda 


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

DISFARCE



  • PESA-ME UM ROSTO MACHUCADO POR UM IMPULSO SOBRE NATURAL DE TRANSLADAR UMA GOTA QUE PODERIA SER QUALQUER COISA EM UMA PELE TRANSLÚCIDA EM VÊS DE UMA SIMPLES LÁGRIMA.
  • PESA-ME ESSE SORRISO TRANSPASSADO PELA DOR, MENTE ÁVIDA EM NÃO TRANSPARECER O QUE O CORPO SENTE.
  • SENSAÇÃO DE MEDO TRANSFIGURADO EM SILÊNCIO.
  • NÃO POSSO VER-TE ASSIM CALADA, CARCUMIDA POR DENTRO, ESGOTADA DE GRATIDÃO E CHEIA DE RANCOR, PUDOR.
  • EU ENQUANTO SER, OLHO-TE. 
  • INCESSANTEMENTE ME SINTO COM SEU PESAR E POR UMA FRAÇÃO DE SEGUNDOS QUERIA SER UM SEMI DEUS PARA ASSUMIR SUA FORMA DE SOFRER.
  • TU ENQUANTO SER, FICA, PERMANESSE, O APRENDER FAVORESSE.
  • A MENTE REJEITA O QUE NÃO É DOR.
  • O CORPO SENTE O QUE NÃO O TOCOU.
  • E AINDA ASSIM ROLA-LHE NO ROSTO, AO ENCONTRO DE UM SORRISO FORÇADAMENTE FALSO PELO IMPULSO DA DOR, UMA LÁGRIMA QUE LHE QUEIMA A PELE.
  • ESSE PESAR PESA EM MINHA DOR.
  • NÃO POSSO VER-TE ASSIM.
  • PESA-ME O SEU ROSTO MACHUCADO.
SÉRGIO LACERDA


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A ÚLTIMA TERTÚLIA


SÃO AS PALAVRAS FINAIS ENTRELAÇADAS POR UM EMARANHADO DE VOZES
É O ÚLTIMO OLHAR DEFRONTE DE UM HORIZONTE DE VIDAS A VAGAR SEM LUGAR
MINHA VOZ NÃO CLAMARÁ POR NINGUÉM
MEUS OUVIDOS CALÁRAM AS QUE OUTRORA SUSSURRARAM SEGREDOS
MEU CORPO CARCOMIDO CLAMA POR VORAZES SENTIMENTOS
MEU VOO É DECLARADO
MAS, MINHAS ASAS NÃO SABEM PRA ONDE VÃO ME LEVAR
O SILÊNCIO TRANQUILIZA MEUS OUVIDOS
MAS, TRANSPASSA MINHA ALMA
ESCUTO MEUS DEVANEIOS E ISSO ME DÓI O PEITO
QUERO GRITAR, CONTUDO NÃO HÁ PRA QUEM
E O PORQUÊ JÁ ESQUECI
VOLTO A ATENTAR 
PARA O ÚLTIMO ABAIXAR DE MINHAS PUPILAS SOBRE MEUS VERSOS
O SILÊNCIO É INERENTE
SÓ OUÇO UM SOM
SÃO AS DERRADEIRAS BATIDAS DE MEU MOTOR
MEU SANGUE GELA 
MINHA PELE ENRIJECE
MEU OLHAR ESTA FICANDO APRISIONADO 
POR UM CREPÚSCULO QUE SERA O FINITO DO MEU ESPIRITO
AQUI FICA MINHA ÚLTIMA...
PALAVRA DERRADEIRA.   

SÉRGIO LACERDA